domingo, 25 de maio de 2008

Validade invisível

Imprevisível...
Quem sabe, bem adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato – pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que quer ser dito.
Quem sabe, mais adiante ainda – você acabou de sair da minha casa e seu cheiro ainda passeia pela casa... Talvez, sejamos felizes.
Entre a concretude do beijo de 5 minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo, pode existir uma vida inteira. Ou até mesmo duas.
Passos improvisados de dança e muitos risos, bem no corredor do apartamento; uma festa cheia de amigos queridos, celebrando coisas banais; abraços apertados de despedida; festas em família; acampamentos; a sua primeira visão do meu nécessaire (e vai pensar: Para que tanto creme?); respirações ofegantes; tentativas na cozinha; banhos de mar; beijos estalados, no cinema; uma poltrona roxa e gorda comprada num antiquário; um tatu – bola na grama do sítio; algumas cidades domesticadas sob nossos pés; postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço... Então, numa manhã, enquanto escrevo meus devaneios, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e ao mesmo tempo descomplicada que você terá de andar e escovar os dentes ao mesmo tempo. E saberei com uma estranha certeza que surge das pequenas coisas, que você me faz a mulher mais feliz.
Certamente, algumas nuvens negras nos esperam adiante. Silêncios, onde deverá haver palavras, palavras frias onde deverá haver compreensão, batidas de frente e até gritos! Mas depois faremos as pazes. Ou não?
Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo talvez, sorte – quem sabe dê certo?
Se realmente existir o AMOR, essa coisa quase palpável, essa esperança intensa, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar.
Talvez a gente morra.
Talvez saiamos voando...

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