sábado, 28 de junho de 2008

Sobre o amor que vibra

"E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era".
 

Sentimento inverso

Vibro sinais particulares de temperamento o tempo todo porque não temo aquele que me lê, seja nos momentos de grandeza em que abusei de tudo o que desejei fazer, ou nesses de extrema fraqueza em que passo por poucas e não boas.

Mesmo assim continuarei me expondo, sem usar dublê.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Das coisas que aprendi com os outros

Nossos amigos nem sempre são anjos. As vezes também fazem coisas frustrantes e irreversíveis. Difícil, é sentir o irreversível e não achar maneiras de se conformar.

Para quem me odeia

Eu te amo.
E não seria metade do que sou sem você, juro. É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira. Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim. Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado.
Se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito.
Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você. E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos. Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível.
Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco. Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando. Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.
Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor. E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas: Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo. Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado. Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica. Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando.
Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso. Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.
Com amor, da sua eterna.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sobre o Futuro

Preocupa-me o futuro porque é lá que vou passar o resto da minha vida.

Fortaleza digital

Tudo é possível. O impossível apenas demora mais.

O que ficou do livro

O sentimento de solidão aparece sempre que você se abandona, não faz o que sua alma quer.
(Pelas portas do coração)

domingo, 22 de junho de 2008

Fragmentos de um manual de instruções

Me canso de quem tenta me ver como uma pessoa que sequer sei ser. Sinto muito se o fato de eu não gostar de agradar ninguém incomode as pessoas. Dou até minha vida por quem sei que me ama. Mas acredite, não quero parecer legal. Sou confiável. Se você merecer. Falsidade é algo que me enlouquece. Tente ser comigo que vai entender um pouco sobre loucura. Não tente me vender conselhos. Eu pego raiva, juro. Não fique me olhando por muito tempo porque eu também não gosto. Pode falar sobre mim quando quiser, isto não me incomoda. O único efeito colateral é orelha levemente avermelhada.
A pessoa aqui é difícil e muito intensa. Mas também não sou inabalável. Tente não errar comigo uma vez sequer. Perco o total respeito por pessoas fracas de caráter. E também não se assuste com meu jeito dominador e frio. Quando nasci não devo ter chorado, provavelmente.

Nem são

É melhor mesmo continuar escrevendo essas frases curtas, que assim amontoadas, dão um ar de coisa, coisa pensada, e nem é, sabe? Nem é importante...

As coisas tão mais lindas

Entre as coisas mais lindas que eu conheci, só reconheci suas cores belas quando eu te vi.
Entre as coisas bem-vindas que já recebi, eu reconheci minhas cores nela e então eu me vi.
Está em cima com o céu e o luar, hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas e séculos, milênios que vão passar... Água-marinha põe estrelas no mar, praias, baías, braços, cabos, mares, golfos e penínsulas e oceanos que não vão secar.
E as coisas lindas são mais lindas quando você está, onde você está, hoje você está nas coisas tão mais lindas, porque você está onde você está, hoje você está nas coisas tão mais lindas!
Nando Reis

sábado, 21 de junho de 2008

Feedback

As pessoas querem o tal do feedback e essa é uma carência que não se preenche. Feedback é ilusão. Ilusão de preencher algo que não pode ser preenchido.
Site Vya Estelar entrevista Fernanda Young - Por Angelo Medina

Foi

A ilusão morava no que eu te imaginei fazendo e não exatamente no que você estava a fazer.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Aos que não nos enxergam

Oi, eu estou bem aqui na sua frente, mas você insiste em não me ver.
Tudo bem, opção sua, cada um enxerga o que quer. O problema é quando você, sem ter idéia de como sou, resolve dar a sua visão sobre mim. Talvez você não se enxergue também, antes de mais nada – e assim me tire por parecida contigo. Errando completamente. Para começar, eu faço questão de ver as pessoas ao meu redor, e isso faz toda a diferença do mundo. Percebo que todos têm algo de especial, estando aí a graça. Percebo belezas que não são minhas, estando aí o prazer.

Percebo inclusive você, parado bem na minha frente, desviando seu olhar para lá e para cá, nervoso com a minha presença, estando aí o ridículo.Veja bem, não há o que temer em mim. Não quero nada que seja seu. E não sou nada que você também não seja, pelo menos um pouquinho.

Você não precisa gostar de mim para me enxergar, mas precisa me enxergar para não gostar de mim. Ou gostar, e talvez seja exatamente isso que você tema. Embora isso não faça sentido, já que a vida é bela, justamente, quando estamos diante daquilo que gostamos, certo?

Não vou dizer que não me irrita essa sua cegueira específica com relação a mim, pois faço de tudo para ser entendida. Por todos. Sempre esforço-me ao máximo para que isso ocorra, aliás; então, a sua total ignorância a meu respeito, após todo esse tempo, nós dois tão perto, mexe, sim, levemente, com a minha paciência.

Se for essa a sua intenção, porém, mexer com a minha paciência, aviso que anda perdendo sua energia em besteira, pois um mosquito zumbindo em meu ouvido tem um efeito semelhante. E, se me dou ao trabalho de escrever esta carta para você, é porque sei que você também não será capaz de enxergar o que há nela.

Explicando melhor: preferiria que você me esquecesse, mas até para poder esquecer você vai ter que me enxergar. Enquanto não me olhar de frente, ao menos uma vez, ao menos por um segundo, vai continuar assim, para sempre, fugindo sistematicamente da minha imagem – um escravo de mim, em fuga constante, portanto.

Pode abrir os olhos, vai ver que não sou um bicho-de-sete-cabeças. Sou bem diferente de você, como já disse, mas isso é ótimo. Sou melhor que você em algumas coisas, pior que você em outras – acontece. No que eu for pior, pode virar para outro lado; no que eu for melhor, cogite me admirar. *“Olhos nos olhos, quero ver o que você faz...” Sempre quis cantar isso para alguém. *“Olhos nos olhos, quero ver o que você diz...”

Pronto, um sonho realizado. Já estou lucrando com a nossa relação, só falta você. Basta ver o que eu posso lhe mostrar e enxergar o que eu posso ser para você.
* Trechos da música OLHOS NOS OLHOS, de Chico Buarque.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Paixão deve ser coisa calada

Fique quieta.
Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada.
Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado.
Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Quanto mais não-dita, melhor a paixão!
Melhor, claro, em certo sentido que signifíca também o pior: as mais nobres paixões são também as mais cadelas, como aquela que enlouqueceu Adele H. ou a que levou Oscar Wilde para a prisão ...
Caio Fernando por Persa

Os dragões não conhecem o Paraíso

Como uma ideologia, como uma geografia: sinto falta de palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros do seu corpo.
Caio Fernando por Persa

das janelas da Alma

(Presentinho da Lua*)
Não há quem não feche os olhos ao comer,
não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita,
não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar.
Fechamos os olhos para garantir a memória da memória.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Risíveis e Solúveis

Só é triste quem quer. Eu busco é mais senso de humor e que a Dona Vida sempre me ensine a rir das minhas próprias mazelas. Para que, por risíveis se tornem solúveis.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Presente de Deus

É bom saber que haverá sempre novos cruzamentos sendo anunciados nos olhares.
É bom saber que a gente inspira confiança em alguém.
Ver o esforço de anos, sendo reconhecido e recompensado, me faz rir. Pois gosto de rir das coisas que tenho amor em fazer, e por isso mesmo as faço belamente, na justa medida da minha satisfação pessoal. Meu combustível é a confiança que conquisto a cada dia...
E hoje, mais do que nunca, eu posso afirmar que isso se deve ao fato de que eu não me limito somente ao desejo de ensinar: E sim, de acolher, entreter e encantar!
Muito obrigado Deus, pelo presente que o dia de hoje me trouxe.

Transparente

Digo o que penso com a paisagem do rosto. Propostas claras e desejos infinitos!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Contradizendo-me-Contradizendo

Exatamente eu, com meus famosos problemas de memória. Que vivo reclamando e sendo reclamada pelos meus lapsos. Exatamente eu, exatamente hoje, senti uma vontade incontrolável de esquecer! Esquecer que as pessoas são diferentes, mas agem de forma futilmente programada em algumas situações. Esquecer que elas são a maioria de um todo. Esquecer.
Elas me fazem pensar, que necessitam de um "Amor sádico"! Não, eu não preciso disso.
Hoje, eu só preciso esquecer, que todas elas vivem dentro de mim.
E ao mesmo tempo.

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.A gente se acostuma à poluição. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. As besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. A luta. A lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Ainda sobre: Quarto de Badulaques ~

“Como é que você se definiria?”
Êta pergunta impossível de ser respondida!
Porque definir, como o próprio nome está dizendo, vem do Latim “finis”, fim.
Definir é determinar os limites. Mas sei eu lá quais são os meus limites!
Para respondê-la eu teria de encontrar uma frase que não fosse definição, que apontasse para o sem limites. Aí eu me lembrei da frase que Robert Frost escolheu para sua lápide e disse que aquela era a definição de mim mesmo:
“Ele teve um caso de amor com a vida.”
Quero que estas sejam as palavras na minha lápide.

Esse cara sabe das coisas.

Quando lhe jurei meu amor, eu traí a mim mesmo...

Tem dias que viver não é fácil...

Estamos destinados a perder as pessoas que amamos?
Será que alguém pode inventar outra forma de sabermos o quanto elas são importantes para nós? Perdas da vida, perdas contínuas, perdas reciprocas, perdas, perdas. Não quero mais perder. Sinto a vida esvaindo entre os dedos

Alguém para de correr nessa disputa desvairada e me olha nos olhos,
me diz o que eu tenho que fazer para começar a ganhar e parar de querer,
de perder, de ser o que eu não quero mais parecer.
Meus dias tem passado depressa, quase me derrubam com seu ar pesado
de ironia, de hierarquia, de poder. Chega dessa correria, euforia, psicodelia. Chega de tormento, de lamento e dos desatentos.
Hoje eu só queria saber GANHAR de mim e parar de me trapaciar!
Nem que amanhã eu acorde a maior perdedora do mundo.

Neuras e fantasiosas causas

"Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros." Caio Fernando

Concordo com o Caio! Pois também acredito que as pessoas nunca deveriam criticar as manias das outras, sem prévia análise... Ninguém conhece a história do outro, por mais que imagine, nunca terá a real noção. Nem minha mãe, que me apresentou a esse mundo, é capaz de cogitar o tamanho das piras que eu tenho. Imagine um estranho...
Por exemplo, quem se faz capaz de imaginar que no meu primeiro dia de aula *Fulana caiu em cima de mim no banheiro da escola "Gabriel", e que até hoje (16 anos depois) eu tenho vontade de dar uns tombos nela?!
Quem vai saber que um cachorro já teve a audácia de enganchar os dentes nos ossos do meu joelho, e que até hoje eu tenho terror a cães?!
Quem vai adivinhar que eu só não tomo café, porque quando criança, meu pai mentia que o excesso da bebida me deixaria Negra?!
Quem vai sonhar que no dia em que meu avô morreu, eu queria dormir com ele no cemitério, para ele não se sentir sozinho?!
Ninguém! Ninguém! Ninguém...
E também, não é de ninguém o direito de me discriminar por detestar cães e café (duas coisas tão banais) e conseguir adorar cemitérios (uma coisa tão fúnebre)! Tudo isso, simplesmente porque ninguém conhece os motivos que eu tive para desenvolver tal aversão ou adoração...
E mesmo conhecendo-os agora, talvez, você nem me dê razão e me ache idiota.
Eis a raiz das divergências!

É pelo meu, tão banal e por outros motivos muito, mais muito mais complexos que ainda existem guerras. Porque o ser humano não aprendeu respeitar as diferenças, os traumas e as neuras do próximo!
O ser humano só consegue enxergar seu próprio EGO.
E eu me pergunto: até quando?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Atitudes valem a eternidade

Você possui pelo menos um motivo para ser lembrado eternamente como uma pessoa maravilhosa?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Eu e elas

Um dia, alguém vai perguntar meu nome e num ato de filantropia responderei:
Meu nome é Metamorfose, porque somos muitas!

Eu sei que você existe

Não, você não precisa ter o abdômen do mocinho da novela.
Acho até que posso ficar com sua barriga pra sempre.
Eu só quero que quando você me beije, eu não deseje mais nenhuma força do universo.
Estou pouco me lixando se o restaurante tem várias cifras no guia da Folha,
mas gostaria muito que a gente esquecesse das mesas ao lado e risse a noite toda, eu até brindaria com água sem bolhinhas.
Sério que tem uma pousada mega-master com ofurô em cima da montanha e charretes cor-de-rosa que trazem o café da manhã? Dane-se,
se você conseguir passar, nem que seja algumas horas, encantado pela gente, essa será a maior riqueza que eu posso ganhar.
Sim, a tecnologia é mesmo fantástica, só que hoje eu queria sumir com você para um lugar onde não pegue o celular, não pegue a internet, não pegue a televisão, mas que a gente, em compensação, se pegue muito.
Sim, sim, psy é demais, celebrar a vida com os amigos é bom também...
Mas será que a gente não pode colocar uma musica bem baixinha e namorar sozinhos no escuro, só hoje?
Será que a gente não pode parar de adjetivar o mundo e se sentir um pouco?
Só que estamos com um problema: vai ser um pouco difícil a gente se conhecer porque tenho evitado sair de casa.
Eu não odeio mais as garotas em série e seus namorados em série,
eu não odeio mais a sensação de que o mundo está perdido e as pessoas lutam todos os dias para se parecerem ainda mais com o perdido ao lado, se perdendo ainda mais.
Eu não odeio mais quem cuida do corpo mas esquece da alma, quem cuida do cabelo mas esquece da mente, quem cuida da superfície mas faz eco por dentro, quem coloca um peito de silicone mas esquece de dar mais uma chance ao amor.
Eu não odeio mais a galera feliz em pertencer a um mesmo barco que não vai a lugar nenhum.
Eu só acho isso tudo muito triste e prefiro não ver.
Eu prefiro não fazer parte da feira que compete pra ver quem tem a casca mais bonita.

Voando eu sei que você não vem, até porque eu jamais namoraria um super-homem:
tenho horror a pessoas falsamente infalíveis.

Você poderá ter medo do escuro e dormir com o abajur aceso, poderá ficar triste quando, numa festa cheia de amigos, lembrar que ainda não me encontrou e depois de me encontrar poderá perguntar assustado no meio da noite “aonde você vai?”, mesmo sabendo que eu só vou tomar água, pode até fazer piada com o meu medo de estar viva, e pode, inclusive, ficar sério e quieto, de repente, por causa disso também...
Não existe Orkut, não existe Messenger, não existe celular, não existe um supercelular que é máquina fotográfica, Orkut e Messenger ao mesmo tempo.
Não existe a balada perfeita com 456 garotas iguais e programadas para te dar um amor levemente inexistente.
Não existe esperar que a vida fique mais compacta.
Existe essa coisa simples, antiga e quase esquecida pela possibilidade infinita de se distrair com as mentiras modernas do mundo. Existe o amor, mas onde ele foi parar depois de tudo isso?
Tati Bernardi por Persa

Além das aparências

Todos me dizem que pareço "meiga", isso me assusta um pouco. Não me agrada a ideia de vender uma imagem equivocada. Quem já me assistiu viu, que sou aparentemente frágil, mas possuo asas. Tenho um delicado senso do mistério, ar irônico transparente e desprezo aquilo que digam sobre minha maneira de gozar a vida...
Mas, especialmente hoje, eu parei para pensar nisso. Parecer ser, será então mais irrelevante do que realmente ser???
Fica a duvida...

O olho de vidro do meu avô

O que marcou, do livro:
"Ao ficar diante do meu avô eu me sentia apenas um menino em seus olhos. Se alguém nos olha nos olhos nos multiplica. Passamos a ser dois. Somos duas meninas de olhos."

"Toda pessoa é gêmea de si mesma!"

"Gosto da palavra crença. Ter crença é ser mais brando, é poder mudar, trocar de lado, ser um dia sim e outros não. É não ser certo nem dar certezas. E a crença do outro pode encantar você, lhe deixando apaixonado!"
Bartolomeu Campos de Queirós

Quarto de Badulaques

Poesias, não são noticias de jornais.
Não possuem mensagens explicitas. O verdadeiro poeta nunca almeja coisas visíveis.
Quando escrevo sobre um assunto, eu nunca estou a falar dele. Estou a falar de mim mesma e das minhas neuras. Se você quer fatos, leia jornais.
Como já disse Rubem Alves:
É isso que são as metáforas. Retratos da alma!

Mais que um corpo

Cuidado! Nós somos gestantes da Alma... Cuidado.

Perda de sensibilidade

As verdades são ilusões das quais se esqueceu que o são,
metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível.

Tédio

Qualquer lembrança indesejada, como aquela amiga falsa que insiste em nos visitar de vez em quando... É certo que isso faz do "tédio nosso de cada dia", um termo relativo.
Ainnnn, que tédio!

Vicio

Dormir sempre me foi divertido!
Levando em conta que necessito de 12 horas de sono, conclui-se que eu dormi durante belos 11 anos e meio. Talvez, você ache um exagero. Eu, me limito a te recomendar.
Amo a deliciosa sensação de olhos ardentes, esmagados contra o travesseiro. Melhor ainda, é acordar e simplesmente resolver continuar no mesmo lugar, sem movimentos que é para não perder o encanto do sono. Longas tardes passadas ao sabor da cama...
No auge do meu vicio, cheguei até a interromper meu sono com despertadores, apenas pelo simples prazer de voltar a dormir. Eu dizia que isso servia para "enganar o cérebro". Não tem nada melhor do que acordar e saber que pode dormir de novo!

Mas nos últimos meses você deu para entrar nessas horas e eu simplesmente perdi o prazer que tinha. Agora fico apenas deitada, no sabor da escuridão e do silêncio, sonhando acordada...

Deslumbramentos

Toda arte tem seu tempo de gestação.
O difícil é prever quando começa a gravidez e quando se dará o parto...
Para um texto acontecer mesmo, leva-se, ganha-se e perde-se muito tempo.
Não basta "ter" boas ideias ou vontade de escrever. Tem que viver, comer, dormir e respirar em vigília criativa, de tal modo que se coloque em condições propícias ao encontro dessas ideias, durante todas as horas do seu dia. Anotações no celular, no papel de pão, em cadernos desestruturados e até rabiscos no próprio corpo.
Eu, guardo e anoto todos os tipos de ideias que vejo como um " espermatozóide", mais dia ou menos dia ela irá nascer na minha cabeça. Talvez seja no meio de um beijo ou até mesmo no meio de uma chuva!
Crio variantes-delirantes de minhas poéticas, minhas invenções, de meus repertórios pessoais e culturais, uso muita nostalgia da infância, um pouco da minha essência e das coisas que eu acredito existir.

Desejo fabricar sentido nas pessoas, significações, lembranças, reflexões, quero escrever coisas provocativas, que tornem os seres humanos menos limitantes!

Socorro!

Me acostumei a consumir pessoas com a mesma frieza que consumia cigarros.
Parei com o cigarro. E, quero também parar de ver as pessoas
como " descartáveis", não quero mais me cansar delas, nem fazer com que se pareçam comigo,
nem me irritar com suas manias feias, nem enjoar da voz- do cheiro-do beijo, nem sentir vontade de sair correndo quando sei que elas estão por perto, não quero mais abandonar, nem deixar as pessoas sem saber o que fazer comigo!
Alguém me socorre, eu não quero mais fechar as portas da minha vida.